“O prazer da comida é o único que, desfrutado com moderação, não acaba por cansar”

Brillat-Savarin


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

D’Oliva – É uma montra...não importa a cozinha!


Que desilusão!!! E vai ser a maior “coqueluche” nos próximos tempos em Lisboa. Formulada a conclusão, podem saltar estas notas, a menos que se queira a explicação. Aqui vai ela:
Rezo a todos os santinhos por cada novo restaurante porque, confesso o meu pecado da gula, quanto maior a oferta, melhor o proveito. Assim sendo, é com a melhor das expectativas, embora tenha de admitir que, por vezes, também com o maior dos receios, que me arrisco a experimentar novos projectos. E, ao invés, daquele espiríto lusitano de deitar abaixo tudo o que é novo, sou sempre a primeira a fazer figas para que a coisa corra bem.
No mesmo dia que li no Mesa Marcada, que Giorgio Damasio estava  à frente da cozinha do D’Oliva, em Lisboa, ficou eleito o restaurante para jantar nessa noite. Primeira dificuldade: descobrir o número de telefone. Nada! A solução foi inverter a velha máxima do não vá, telefone. Bastou um pequeníssimo desvio no meu percurso e, à hora de almoço entro no restaurante, não para comer, mas para reservar mesa para 3, para o jantar. Certo!
Regime de buffet, numa sala meio vazia. Atendimento simpático, mas atabalhoado, até chegar a menina das reservas. A simpatia manteve-se, agora com mais eficiência. Fumador ou não fumador? Indiferente: pergunto qual a zona da sala mais agradável. Aceito a sugestão da mesa do fundo junto à janela, na zona livre de cigarros. Reserva feita, com mesa escolhida!
Quando chegámos à noite é-nos indicada uma mesa...junto à entrada. Equívoco! Recusamos.  “A reserva não foi feita comigo, pois não?” – Impertinência respondida com uma negativa: “Sabe que não, mas não vislumbro a diferença. Ficou anotada a mesa escolhida e isso basta-me”.  “Vou ter que falar com o director” – contrapõe ainda a pequena, sem disfarçar o sorriso amarelo.
Intenso diálogo desenvolve-se, então, a alguns metros dali, mas ao alcance do nosso olhar. Inconclusivo, ao que parece,  já que o “director”, que é um dos donos do restaurante, figura conhecida, ainda tenta avaliar junto de nós se insistimos na mesa escolhida. Óbvio! Ar contrariado, lá nos encaminha para a mesa inicial.
E aí está um manual de como não se deve receber os clientes, mas atribuo o incidente aos ajustamentos de abertura que necessáriamente ainda têm que ser feitos. Uma das empregadas dispõe-se a arrumar os casacos, dá-me uma chapinha em troca e preparo-me então para disfrutar deste novo espaço.
Do lado de fora, junto à janela onde me encontro, a imagem de três oliveiras em vaso, iluminadas. A sala dividida em dois patamares. No de cima, o dos fumadores, um DJ espalha música mexida por todo o ambiente. Um conceito que agradará à maioria dos frequentadores, mas que eu odeio. Música alta com comida é tempero que para mim não combina.
Na mesa já estava uma garrafa de bom azeite. Veio um cesto de pão quentinho. Apetitoso. A combinar bem com a manteiga, o paté e as azeitonas, que também chegaram à mesa enquanto se olhava para a carta.
Dividiram-se uns ovos mexidos com cogumelos, que satisfizeram. O carpaccio estava pobre de tempero. Nos copos, ainda só água, por causa de mais um equívoco.
No vinho, a escolha recaiu num tinto da Herdade de São Miguel, um reserva a preço cristão, que chegou...quente!! Três ou quatro graus acima da temperatura correcta! Lá se recorreu ao frapé de emergência...
A noite há muito que já estava estragada, e a conversa a ter de se fazer em voz alta, nunca chegou a ganhar alma, nem mesmo quando se confrontou com um risotto de pato, um ossobuco e um lombo grelhado, que se tinha pedido mal passado, mas que se apresentou médio-bem. Confesso que já não tive forças para fazer mais uma reclamação que, por esta altura, só queria fugir do ruído.
 Um restaurante tem de valer, sobretudo, pela boa cozinha, mas conta também o ambiente e o serviço.  E na diferença entre um comedouro e um restaurante, quanto muito, reservo o primeiro género para a hora do almoço. Que Giorgio Damasio cozinha bem, não tenho dúvidas, mas vão ficar as saudades da elegancia do Cipriani da Lapa, que aqui ele passa despercebido.
Despachados os cafés, pagos os 93 euros da conta. Pedido o casaco de volta, é no carro que tenho a última má supresa da noite. Minha Nossa, que pitada de tombar!!! Cebola frita! O casaco estava impregnado de refogado...
Pode ser bom local para a onda dos jantares de Natal, mas fica a dica: os agasalhos devem ficar nas costas da cadeira, sob pena de a noite acabar ali, que ninguém entra em nenhuma discoteca com perfume de cebola frita!


D’Oliva
T. 213528292
Rua Barata Salgeiro, 37 A – 1250-000 Lisboa
http://www.dolivarestaurante.com/

6 comentários:

  1. Natália, quanto queixume, quanta ingratidão! Módicos 93 euros proporcionaram refeição, bom vinho e a oferta-surpresa de um perfume perene e eco-friendly. Que mais se pode exigir? ;)

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  2. Gostava de saber onde é o seu emprego, para poder avaliá-la de uma forma tao descritiva como fez... pense bem... será que é sempre perfeita a fazer o seu serviço? Corre sempre tudo bem? Claro que não! Em nome de todos os empregados de mesa, peço que haja mais compreensão dos clientes! Trabalho num espaço que consegue dar perto dos 350 jantares, e como é obvio, nao tenho 350 cozinheiros para fazer cada prato, portanto SIM, HÁ DEMORAS!! Não conseguem compreender isso? Quando vai a uma discoteca, casa cheia, balcão cheio... vai reclamar porque está à espera da sua bebida há 15 minutos? É ridiculo.. você nao é perfeita, nem ninguem. Pense um pouco nisso.. há sempre enganos, há sempre um recado transmitido de forma errada, há 200 clientes a chegar às 21:00... se chegassem 200 pessoas à mesma hora ao seu serviço como ia ser? Um caos!
    Não estou a dizer que a culpa não é nossa de muitas das situações, mas a maior parte não vem de nós! Se o seu prato demora 1 hora a vir, com quem vai reclamar? com o empregado.. se a bebida só chega na hora do prato principal? vai falar com o empregado... nós pagamos e ouvimos pelos erros ou falta de profissionalismo dos nossos colegas da cozinha e bar, e damos sempre a cara por isso..
    Não gosta da musica? Azar, não se pode agradar a gregos e troianos.. Nao colocaram aquele tipo de musica ao acaso, é porque se calhar agrada a muitas pessoas.. Não é porque um gato pingado nao gosta que se vai mudar...


    mais compreensão por favor, o português gosta muito de reclamar por tudo e por nada, esquecem-se é de olhar para eles próprios e verem os seus erros também. O portugues gosta de ser bem servido com tudo a que tem direito, mas quando serve os outros já nao tem o mesmo padrão...

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  3. boa noite, ja encaminhei a sua opiniao para um dos Responsaveis do Doliva.

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  4. Natalia,

    Obrigado pela animada descricao do jantar ; foi engraçado de ler e esclarecedor.

    Alias, comentarios como estes começam a aparecer um pouco pelos blogs, parece que o coitado do restaurante é oito ou oitenta mas o que ressalta é a fraca qualidade e orientaçao de serviço dos RP...

    O que me leva ao comentario do Nuno... que sendo RP / dono / responsavel do espaço, sinceramente, nos meus largos anos de emprego ( sou gestor hoteleiro, tendo sido director da Four Seasons, Sheraton em Londres ) , fico sinceramente chocado e aterrorizado com os seus comentarios.

    A cliente foi mal servida, foi mal atendida e a casa só tem de pedir desculpas e corrigir o erro.

    Aparecer com uma atitude defensiva e altamente arrogante como o Nuno fez é a ultima coisa que se faz ou se deve fazer - acredite que se fosse meu RP, estava hoje no desemprego. Se for um dos donos, entao percebo os comentarios que vao aparecendo um pouco por toda a net, visto que tudo o que bom e de mau um dono / gerente tem, passa um pouco essa atitude para o staff...

    O cliente nao tem culpa que voce de 350 couverts, nao tem culpa que voce nao tem 350 cozinheiros e 350 empregados de mesa.

    Se voce esta a cobrar full price, tem de dar full service. E o resto é conversa.

    Quando nao consegue e ha certas alturas que nao se consegue, é humanamente impossivel, um sorriso, um saber pedir desculpas, um pouco de conversa, resolvem as situacoes e "amparam" muitas criticas negativas que nem chegam a existir.

    Se nao levasse as coisas tao a peite via que foi infantil os seus comentarios de serviço-serviço-serviço quando a pessoa que escreveu o artigo começa com "casa meia vazia"... logo 99% dos seus comentarios sao vazios e desculpas de ... mau servidor !

    Acho por demais ridiculo o seu comentario iflamado, "desculpatorio" e justificativo para com uma CLIENTE do restaurante.....

    Mais humildade ! Que voce tem pouca e muito pouco savoir faire... ganhe-se estaleca em saber servir e em saber ouvir e atender um cliente...

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  5. "A reserva não foi feita comigo, pois não?” – Impertinência respondida com uma negativa: “Sabe que não, mas não vislumbro a diferença. Ficou anotada a mesa escolhida e isso basta-me”. “Vou ter que falar com o director” – contrapõe ainda a pequena, sem disfarçar o sorriso amarelo."

    essa tambem me deu dores de cabeça aquando da marcação e orientação de mesa, mas passei por lá no outro dia e parece-me que a impertinência valeu-lhe o convite de saída do restaurante, dando lugar a uma outra simpática Senhora. De resto tenho a acrescentar que a minha experiência não foi nada como a natália descreveu, muito pelo contrário! À parte da confusão inicial de qual seria a nossa mesa reservada, decorreu lindamente, bom vinho, boa comida, serviço muito simpático, os empregados sabem aconselhar tanto comida como vinho (o que normalmente não corre muito bem com uma casa aberta há pouco tempo!). A minha nota negativa vai para o sistema de exaustão de fumos, pois fiquei numa mesa de sofá em zona "não fumadores" (que faz barreira com a de "fumadores") e sentia todo o tipo de cigarrilhas e charutos que se fumavam no piso "fumadores", o que foi um pouco desagradável.

    No final acabou por ser uma noite divertida, senti-me bem e confortável por ali estar; tem outra vantagem para mim que é ficar aberto ate um horário mais alargado com DJ a colocar uns sons chill-out, o que nos faz esquecer as horas!

    Recomendo

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  6. Boa tarde,
    Não posso deixar de concordar com a maior parte das criticas. Passou um ano e está na mesma, ou pior.
    Para além disso, a simpatia continuar a faltar por aqueles lados. Ao ler estes comentários de um tal Nuno (que deduzo tenha a ver com a casa) veio-me à ideia o cromo que ontem nos atendeu que, para além de nos "pedir" para mudar de mesa, nos colocou numa mesa onde não cabiam os pratos com as entradas que pedimos (claro, apertou-nos o mais possivel..) e onde algumas coisas tiveram que ficar na box, à espera de espaço para entrar... mas esse tal cromo, não foi de modas, acabou por trazer a massa de pizza que acompanha os carpaccios (nada de especial, diga-se) mas, levou o prato de presunto de parma que ainda estava a meio, sem perguntar se tinhamos terminado... e com aquele ar de quero, posso e mando. Pois, mas quem tudo quer tudo perde.

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